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O que os olhos não vêem, o coração não sente: uma reflexão sobre percepção e realidade

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Se a percepção é uma das chaves para nossa realidade emocional, até que ponto as experiências que não vivenciamos deixam marcas? Como as interpretações individuais do que é e do que não é influenciam nossas interações e relações com o mundo ao nosso redor? Se considerar que a falta de percepção pode resultar em desconexão emocional, como podemos cultivar uma maior relação com as nossas experiências sensoriais e imaginativas? A máxima popular "o que os olhos não vêem, o coração não sente" ressoa na discussão / provocação filosófica sobre a percepção e a realidade. Essa frase tão dita diz que que a ausência de percepção sensorial pode levar à inexistência emocional de um objeto ou evento. Será? Assim, podemos conectar essa ideia à filosofia de George Berkeley, que propôs que a realidade é constituída pela percepção. Segundo ele se não vemos a árvore cair no silêncio da floresta, seu barulho, de certa forma, não nos afeta, permanecendo a noção de que a realidade é um constructo

Um resumo da obra "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud

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Introdução ao Simbolismo dos Sonhos: O simbolismo nos sonhos é um tema central na obra de Freud, que afirma que "o maior número de acréscimos versando sobre qualquer assunto isolado é constituído, sem dúvida, pelos que dizem respeito ao simbolismo nos sonhos". Essa afirmação revela a profundidade com que Freud aborda o simbolismo, reconhecendo que sua compreensão sobre essa faceta evoluiu ao longo das edições do livro. Portanto, é evidente que o simbolismo onírico não é apenas um detalhe, mas uma chave para entender a psique humana. Evolução da Teoria dos Sonhos: Na primeira edição de sua obra, Freud limitou o exame do simbolismo a algumas páginas e um único sonho modelo. Contudo, com o tempo, ele ampliou essa seção, reconhecendo a importância do simbolismo sexual e a necessidade de reorganizar o material sobre sonhos. Essa evolução demonstra a flexibilidade de Freud em adaptar suas teorias à medida que novas compreensões emergem. Conceitos Fundamentais: Freud introduz concei

Textos fundamentais para entender o pensamento de Freud

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  A Interpretação dos Sonhos (Die Traumdeutung)  - 1900 Conceitos principais:  Freud introduz a ideia de que os sonhos são uma forma de realização de desejos inconscientes. Ele propõe que os sonhos têm um conteúdo manifesto (o que é lembrado) e um conteúdo latente (o significado oculto). Citação:  "O sonho é a realização de um desejo." A Psicopatologia da Vida Cotidiana (Die Psychopathologie des Alltagslebens)  - 1901 Conceitos principais:  Freud explora como erros, lapsos de linguagem e esquecimentos revelam conflitos inconscientes. Ele argumenta que esses atos falhos são manifestações do inconsciente. Citação:  "Os atos falhos são a via régia para o inconsciente." Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (Drei Abhandlungen zur Sexualtheorie)  - 1905 Conceitos principais:  Freud discute a sexualidade humana, incluindo a sexualidade infantil e a teoria da libido. Ele introduz conceitos como a fase fálica e o complexo de Édipo. Citação:  "A sexualidade é uma p

O papel do Simbólico na dança de romantização da Subjetividade

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Neste texto, exploraremos a citação apresentada de uma publicação que fiz no X: "Somos os mesmos nadas no apagar das luzes. A diferença é que na ausência de estímulo somos conduzidos a enxergar nossa condição inerente à devassidão do desamparo. Preciso permitir a Fantasia e se apegar, ainda que mínimo, na ilusão dos Simbólicos para não se sufocar com o Real." Meu esforço é para mostrar a centralidade dos conceitos sob a ótica da psicanálise lacaniana, examinando a inter-relação entre os domínios do Simbólico, da Fantasia e da noção lacaniana de Real, além de refletir sobre a condição humana de desamparo e a busca por significado. Serão incorporadas algumas máximas de Nietzsche, Lacan e Freud, fornecendo uma base teórica para os argumentos apresentados se sustentarem de forma compreensível. Até que ponto a realidade que habitamos não é, na verdade, uma construção das estruturas simbólicas que nos cercam, moldando a nossa percepção e identidade? De que maneira o desamparo e a f

Nietzsche e a distorção de "vontade de poder" sobre meritocracia na falácia de autoajuda

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A psicanálise, ao explorar a profundidade da psique humana, oferece uma perspectiva valiosa para compreender a "subjetividade consumista" que permeia o capitalismo contemporâneo. Mas o que realmente significa este consumismo que nos define? A subjetividade consumista se manifesta na forma como os indivíduos se relacionam com o ato de consumir, que vai além da mera necessidade material, transformando-se em um epítome da identidade e do valor pessoal. Na sociedade atual, onde o consumismo é cada vez mais exaltado, a incessante busca por bens e status reflete uma busca por reconhecimento e validação social. Então, como as dinâmicas emocionais e inconscientes moldam essa relação com o consumo? A psicanálise permite-nos investigar essa intersecção entre desejo, identidade e a lógica capitalista. Friedrich Nietzsche, com sua crítica incisiva da moralidade e da cultura de seu tempo, introduz conceitos que perturbam o status quo social. Em meio a essas ideias, destaca-se a "vont

A verdade como ficção: um olhar filosófico e lacaniano

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Este texto convida à reflexão sobre o conceito de verdade, articulando brevemente as filosofias ocidentais, orientais e africanas com a teoria lacaniana. A verdade é o tema central que permeia as diversas correntes de pensamento, moldando, quase inevitavelmente, nossa compreensão sobre a vida e a existência. O que realmente entendemos por verdade? Quando mencionamos a palavra "verdade", conseguimos transmitir o mesmo sentimento a todas as pessoas? A verdade é algo que pode ser verbalizado ou é uma dimensão que reside no inconsciente? Ela realmente existe? Neste convite à reflexão, exploraremos a verdade através de elementos da mitologia grega e de uma breve análise das principais abordagens filosóficas, utilizando o legado de Jacques Lacan como fio condutor para entender suas implicações. Comecemos nossa análise na matriz da filosofia ocidental, que se enraíza na Grécia Antiga. Este ponto de partida é crucial, especialmente considerando que, por meio da exploração

Quem vem primeiro, pensamentos ou emoções? De Nietzsche à psicanálise

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A pergunta central é: quem vem primeiro, pensamento ou emoções? A relação entre pensamento e emoção é um tema que tem sido explorado intensamente por filósofos e psicanalistas ao longo da história. Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, dois dos pensadores mais influentes, abordaram essa questão sob perspectivas distintas, mas ambos reconheceram a importância central das emoções na experiência de criar a vida. Nietzsche, em sua obra "Além do Bem e do Mal", afirma que "nossos pensamentos são as sombras de nossos sentimentos, sempre mais obscuros, mais vazios, mais simples que estes". Essa citação sugere que os pensamentos são meras representações pálidas das emoções, que são intrinsecamente mais profundas e complexas. Para Nietzsche, as emoções são a fonte da criatividade e da vida, enquanto os pensamentos são tentativas de capturar e controlar essas emoções. Ele vê os pensamentos como "rastros pálidos que giram em torno do fogo dos sentimentos", uma metáfora