Questões respondidas sobre Democracia a partir de Antonio Negri e Jacques Rancière
1. Descreva,
segundo Antonio Negri, o que seria a verdadeira realização da democracia hoje.
R = Segundo o filósofo Negri teríamos
hoje condições práticas para, de modo articulado, transferir a soberania das
organizações econômicas e políticas do império para a multidão. Isso seria a
verdadeira realização da democracia, com a ação popular direta, sem mediações.
2. Narre
qual a razão que Negri afirma que o império atua de maneira virtual.
R = O império representa, hoje, a ordem
global do capital, que articula economia e política, produção e circulação de
bens e de ideias. O império atua de maneira virtual pois ele é como se fosse
uma “máquina de alta tecnologia”, construída para controlar os eventos
marginais e organizada para dominar globalmente, sendo capaz de intervir nos
casos de falha do sistema.
3. Relate,
de acordo como Antonio Negri o que embasam o poder de polícia do império.
R = São os valores essenciais e
universais de justiça que embasam o poder de polícia do império. Nessa “máquina
biopolítica globalizada” que é o império, não se consegue definir onde está o
centro. O centro e as margens estão sempre se conectando e mudando de posição.
De qualquer forma, a soberania do império ocorre nas margens, onde as
fronteiras são mais fluidas.
4. Fale
o que Negri denomina de multidão.
R = Multidão é o conceito de massas. Negri
afirma que, ao virtualizar o controle, o império abre possibilidades de
organização da multidão, e é nesse aspecto que reside a possibilidade de
enfrentar o regime. Uma vez que o império é fruto da multidão, dela provém seu
poder. Segundo ele, o império é fruto da ação das massas. Ainda no século XIX,
o movimento operário organizado lutava contra a exploração dos trabalhadores e
defendia a necessidade de internacionalização dessa luta. Os militantes daquela
época compreendiam que as lutas dos trabalhadores não poderiam ficar restritas
a seus países, pois o capital é internacional e não respeita fronteiras
políticas em seus fluxos e acumulação. Por isso, foram as massas (que Negri
denomina multidão) que exigiram o nascimento do império. A nova ordem política
se construiu com base nesse desejo da multidão, mas se tornou uma forma de
continuar explorando a multidão em nome do capital.
5. Defenda,
de acordo como Jacques Rancière, qual é a sociedade pedagogizada.
R = A crítica de Rancière mostra que o
ideal de emancipação é impossível em nossa sociedade, que ele denomina
“sociedade pedagogizada”. Nessa sociedade, sempre precisamos aprender com alguém
que saiba mais. Os mestres, os professores, são explicadores; sem a explicação,
ninguém aprende. Ele afirma, então, que nessa sociedade parte-se de uma ideia
de “desigualdade de inteligências”. Se as inteligências são desiguais, porque sempre
haverá alguém que sabe mais, nunca será possível chegar à igualdade. E sempre
precisaremos dessa desigualdade para aprender. A proposta de Rancière é romper
com essa sociedade pedagogizada.
6. Minute,
de acordo como Jacques Rancière, o que é a democracia e suas possibilidades
atualmente.
R = Rancière afirma que há política
quando a minoria não se cala, quando faz questão de fazer valer sua voz
diferente. Esse é o dissenso, o desentendimento de que fala o filósofo. A
democracia, portanto, não pode ser um entendimento único, um mundo único, uma
vontade única. Isso é dominação de uns por outros, ainda que seja a dominação
da maioria. A democracia é a arte de viver nas diferenças, partindo do fato de
que somos todos igualmente seres políticos. Cada um com sua voz, cada um no
exercício de sua diferença, na construção de um projeto que é comum, mas que
não apaga a diferença. Um projeto comum que precisa ser construído a cada instante,
que nunca está pronto. Um projeto comum que não é um mundo único, mas a
convivência de diferentes mundos, diferentes perspectivas, diferentes vozes.
Isso não é nada fácil. Daí o medo que se tem da democracia e o ódio que resulta
desse medo. É justamente nessa difícil convivência das diferenças que reside a
potencialidade do humano no ato político.
7. Fale
como sobre o entendimento de política para filósofo Jacques Rancière.
R = O que Rancière propõe é ampliar,
alargar o sentido de polícia. Enquanto a consideramos simplesmente um aparelho
repressor a serviço do Estado, que entra em ação para combater as práticas
nocivas à sociedade, para o filósofo a polícia é algo muito mais amplo, como a
própria organização da vida social e sua administração cotidiana, a garantia de
uma ordem instituída. Ao mesmo tempo, Racine propõe restringir o sentido de
política. A política é um acontecimento, algo incomum, que se manifesta na
afirmação da “igualdade de qualquer ser falante com outro ser falante”.
8. Exponha,
de acordo como Jacques Rancière, qual é o conceito de igualdade.
R = Somos desiguais e queremos ser
iguais. Então, define-se que “todos são iguais perante a lei”: trata-se de uma
igualdade fabricada, de uma igualdade legal. É preciso construir socialmente a
igualdade; porém, como os interesses são distintos, isso acaba sendo
impossível. Para Rancière, a igualdade é necessariamente o ponto de partida da
política, não seu ponto de chegada. Só pode haver política entre iguais, entre
seres que se reconhecem como iguais, como falantes, ainda que sejam completamente
diferentes entre si. Em outras palavras: diferenças não significam
desigualdades; é possível nos reconhecermos como iguais, ainda que sejamos
diferentes em nossas visões de mundo. Podemos falar linguagens ou mesmo línguas
diferentes, mas falamos – e isso nos torna seres igualmente políticos.
9. Pontue
as principais características do flash mob.
R = A expressão flash mob significa
‘mobilização instantânea’. Corresponde a uma forma de manifestação popular da
época de Internet em que a multidão se organizada por meio de redes sociais ou
meios de comunicação de massa, na qual um grupo de pessoas se reúne, realiza um
ato e se dispersa com rapidez. Pode ter uma intenção festiva, artística ou
política. Ou seja, uma ferramenta da multidão como forma de movimento social.
10. Apresente
por qual razão Rancière afirma que a política não consiste no consenso, mas no
dissenso.
R = Segundo o filósofo Rancière se cada
indivíduo ou cada grupo pode viver à sua maneira, a convivência tende a ser conflituosa.
A política, diz Rancière, é justamente esse conflito, que ele chama de
desentendimento. Em outras palavras: a política não é o entendimento entre as
pessoas do povo que, ou seja, consenso, ao contrário, a política é a vida no
desentendimento, e por essa razão Rancière afirma que ela não consiste no
consenso, mas no dissenso.
Fonte principal: Gallo,
Sílvio. Sistema de ensino ser : filosofia : 2o ano: professor / Sílvio Gallo. —
3. ed. — São Paulo: Ática, 2017. 1. Filosofia (Ensino médio) I. Título.
Comentários
Postar um comentário