Miguel na feira do bairro | crônica
Acordei cedo, como se o sol fosse um chamado, uma luz que se infiltra nos sonhos e os dissolve. E assim, fui à feira do meu bairro, um espetáculo de cores e aromas que se entrelaçam nas ruas, como se a vida estivesse dançando em um ritmo próprio. O cheiro de frutas maduras e especiarias exóticas me envolvia, um abraço caloroso de uma velha amiga que não se vê há tempos. Mas havia um contraste, uma tensão, entre a pressa que me cercava e a calma que eu ansiava. Na feira, sob um toldo que já conhecia, encontrei Dona Cláudia. Seu sorriso iluminou o dia, como um raio de sol que atravessa nuvens pesadas. "Miguel, querido! Olha que alface linda eu trouxe hoje!", ela exclamou, enquanto me oferecia as folhas frescas, quase como se me oferecesse um pedaço de sua alma. Senti um calor no coração, uma conexão que ia além da simples troca de dinheiro. Ali, o valor do seu trabalho se entrelaçava com o valor dos afetos, e eu me via refletindo sobre o que realmente significa "valoriza...