Desconfiança Neurótica: o entre a defesa e a prisão
A desconfiança, essa sombra que paira sobre as relações humanas, essa névoa que turva a percepção do outro, esse espinho que fere a alma, é um tema complexo e multifacetado, que convida a uma profunda reflexão psicanalítica e filosófica. Neste ensaio, mergulharemos nas nuances da desconfiança neurótica, distinguindo-a das alucinações paranoicas, explorando seu papel defensivo, sua inscrição no inconsciente, e as possíveis vias de negociação com essa angústia que, embora singular, não justifica a exigência de esclarecimentos do outro. É crucial, de início, estabelecer a distinção entre a desconfiança neurótica e a alucinação paranoica. Enquanto a desconfiança neurótica se manifesta como uma suspeita persistente, uma dúvida constante sobre as intenções do outro, a alucinação paranoica se caracteriza por uma convicção delirante, uma certeza inabalável. Freud, em "Neuropsicoses de Defesa" (1894/1996), diferencia neuroses e psicoses: as primeiras, como a neurose obsessiva e a hist...