Os efeitos do dever
O paradoxo do dever reside na tensão constante entre o que se espera de nossas ações e o quão pouco controle temos sobre as interpretações que delas são feitas. É aceitar que muitas escolhas nos chegam sem serem verdadeiramente escolhidas, como ventos que nos empurram em direções inescapáveis, e ainda assim somos cobrades a navegá-las como se tivéssemos desenhado cada rota. Mais inquietante é perceber que o valor do esforço, tantas vezes ofertado em vulnerabilidade sincera, não depende apenas de sua honestidade, mas da validação alheia — um espelho de julgamentos turvos que não raro reflete distorções e limitações projetadas. Viver esse paradoxo é, na prática, compreender que fazer o que é necessário é navegar numa corrente imprevisível, consciente de que o valor de quem somos não pode ser exclusivamente aferido por olhos externos.
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