Estou em uma fase de despedaçamentos, e isso talvez seja o mais honesto que posso dizer sobre este momento que vivo.
É como se cada pedaço de mim que se solta revelasse algo que sempre esteve ali, escondido sob as camadas do que eu acreditava ser. Me desconheço e me reconheço ao mesmo tempo, numa festa estranha onde cada passo para trás me leva adiante, onde cada fragmento que se desprende me mostra uma face nova do meu próprio rosto. Há algo de assustador e, ao mesmo tempo, de profundamente libertador neste processo... como se fosse preciso me desfazer para, enfim, me encontrar.
As questões que emergem não são nada novas; talvez elas apenas esperavam, pacientes, o momento em que eu estivesse pronto para olhá-las de frente.
A angústia que sinto não é inimiga, descobri.
Ela é a companheira necessária desta travessia, a prova de que algo está acontecendo dentro de mim.
Quando digo que acho que estou bem, não é que a dor tenha cessado ou que as incertezas tenham encontrado respostas... é que aprendi a reconhecer neste caos uma força estranha de ordem, neste despedaçamento uma espécie de reorganização íntima.
Estou bem porque aceito não estar inteiro, porque compreendo que, às vezes, é preciso se perder completamente para se achar. E há uma paz estranha em saber que este desconhecimento de mim, paradoxalmente, abre o caminho mais direto para me (re)conhecer.
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