Permita-se a solidão, a boa e velha solidão,
que não é a ausência do outro, mas o convite do eu,
onde no abrigo do silêncio, você pode ouvir com carinho
os sussurros dos seus próprios barulhos...
as vozes internas que não se calam,
que precisam ser ouvidas, respeitadas, ainda que não compreendidas.
Fugir com prazeres imediatos traz sim um alívio,
como um doce fugaz que derrete na boca,
mas lembre-se: a contabilidade sempre chega.
E, na hora em que a noite se deita,
o travesseiro, fiel confessor, traz à tona
as dívidas que você acumulou consigo mesmo.
A contabilidade do travesseiro é imperdoável.
E é ali, no escuro acolhedor,
que as sombras se tornam mais nítidas,
e A QUESTÃO lateja mais forte que qualquer impulso efêmero.
Então, escute a solidão não como um fardo,
mas como uma incrível amiga que te ensina, que afirma,
que o maior prazer reside em conhecer
os recantos profundos de quem você singularidade se propõe em ser.
Ela é o espaço sagrado onde ilusão se desprega
e encontra a beleza em sua própria companhia.
E nessa estranheza entre luz e sombra,
pode-se, afinal, descobrir que,
antes de buscar o calor do outro,
é preciso primeiro aquecer o próprio coração.
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