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Mostrando postagens de dezembro, 2024

As principais obras de Friedrich Nietzsche

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Obra do Período de Juventude (1872-1876):  1. O Nascimento da Tragédia (1872) Nietzsche desenvolve uma análise revolucionária da cultura grega, explorando a dialética entre dois princípios fundamentais: o apolíneo e o dionisíaco. Apolíneo representa a ordem, a racionalidade e a individuação, enquanto o dionisíaco simboliza o caos, a paixão e a dissolução dos limites individuais. Argumentos Centrais: A tragédia grega como expressão máxima do equilíbrio entre razão e instinto Crítica à racionalidade socrática que progressivamente destruiu o espírito trágico Defesa da arte como a mais alta expressão da vitalidade humana Citação Fundamental: "A existência do mundo só é justificada como fenômeno estético." Obras do Período Intermediário (1878-1882): 2. Humano, Demasiado Humano (1878) Marca uma ruptura radical com seu período romântico anterior. Nietzsche adota uma abordagem científica e psicológica, desconstruindo valores tradicionais através de aforismos penetrantes que investiga...

O Outro e o desejo: pensando sobre rejeição e valor subjetivo

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 Por que as pessoas não me querem? Por que eu não sou suficiente? Como posso ser mais agradável para os outros?  Tais interrogações emergem do grande Outro lacaniano, esse campo simbólico onde o sujeito busca incessantemente sua significação. A rejeição, longe de ser uma sentença definitiva, é na verdade um encontro com o desejo do Outro em sua radical alteridade. Toda rejeição é fundamentalmente sobre o Outro. Mas o que isso significa no campo da subjetividade? Interroguemo-nos: Quem define o valor de um sujeito senão o próprio sujeito em sua estrutura desejante? O Outro não diminui seu valor quando te rejeita. Ele simplesmente atualiza sua própria economia libidinal, seus próprios investimentos pulsionais. A rejeição é um ato de afirmação do desejo do Outro, não uma depreciação do seu ser. Consideremos os mecanismos de defesas, isto é, tentativas de se defender da angústia: - Sobre o que ele acredita ser melhor para ele: O Outro opera a partir de seu próprio campo de signifi...

A Happypocondria Digital: uma análise de "Nosedive" (3x01) de Black Mirror

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 Na distopia tecnológica apresentada no episódio "Nosedive" (3x01) de Black Mirror, somos confrontados com uma sociedade que personifica o ápice da happypocondria contemporânea – a obsessão patológica pela felicidade e aprovação social, manifestada através de um sistema de pontuação digital onipresente.  O episódio acompanha Lacie Pound, uma jovem que habita um mundo onde cada interação social é quantificada através de um sistema de avaliação de 1 a 5 estrelas. Neste cenário, a protagonista busca desesperadamente elevar sua pontuação de 4.2 para 4.5, visando acesso a um condomínio exclusivo. A oportunidade surge quando Naomi, uma antiga conhecida de status elevado (4.8), a convida para ser madrinha de seu casamento. Se olhamos para esse episódio e o que ele crítica através de uma perspectiva lacaniana, podemos dizer que o sistema de pontuação social representa uma manifestação hipertrofiada do Grande Outro – a ordem simbólica que medeia nossas relações sociais. O que observam...

A patologização da vida - Todo mundo tem um diagnóstico?

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No entrecruzamento entre o discurso capitalista e o imperativo do gozo, testemunhamos hoje um fenômeno peculiar: a transformação massiva da experiência humana em categorias diagnósticas. O sujeito contemporâneo, confrontado com sua falta constitutiva (manque-à-être), busca desesperadamente no Outro um significante-mestre que possa nomear seu mal-estar. A indústria farmacêutica, operando como um Grande Outro contemporâneo, oferece uma promessa sedutora: para cada manifestação da falta, um medicamento; para cada angústia, uma pílula. Este discurso, articulado com a lógica do capital, produz um curto-circuito no processo de subjetivação, onde o sintoma - essa formação singular do inconsciente - é reduzido a uma disfunção neuroquímica a ser corrigida. O DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) assume, assim, o lugar antes ocupado pelos textos sagrados: um manual que promete revelar "quem somos" através de uma taxonomia do sofrimento. O sujeito, alienado em se...

A Dialética da Identidade e os princípios falaciosos da Filosofia Clássica: consumo e a construção do Eu na Era da happypocondria

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A filosofia grega clássica, que emergiu com pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles, lançou as bases do pensamento ocidental como verdade inquestionável. Essa rica tradição não apenas foi reinterpretada durante a Idade Média para atender aos interesses do poder feudal e religioso, como também se adaptou às nuances do mundo contemporâneo, mesclando-se e ofertando argumentações aos ideais capitalistas e consumistas. Essa análise revela como os princípios clássicos se entrelaçam com as dinâmicas de poder, vigilância e controle social, além de refletir sobre como esses conceitos são instrumentalizados pelas narrativas discursivas alienadoras promovidas por coaches e mentores de autoajuda. Aqui, a ideia central que movimenta e dá fundamento para a reflexão, é a ideia de que "o sujeito é um sujeito da linguagem" , conforme formulado por Lacan, e problematizado por nós psicanalistas que damos sequências para essa perspectiva de considerar uma interpretação fundante sobre aqui...

A Revolução do Olhar: A Importância dos "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade" de Freud

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Historicamente, a figura da criança foi idealizada como um ser angelical, símbolo de pureza e inocência. Essa visão, profundamente enraizada na cultura ocidental, muitas vezes ignorou a complexidade da sexualidade infantil. A obra de Sigmund Freud, "Os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", publicada em 1905, desafiou essa concepção ao afirmar que a sexualidade é uma parte intrínseca do desenvolvimento humano desde a infância. Mas por que essa obra é tão crucial para a compreensão da psique humana? Freud propôs que a sexualidade não é um fenômeno que surge apenas na puberdade, mas sim uma força que se manifesta em várias fases do desenvolvimento infantil: oral, anal, fálica, latência e genital. Essa perspectiva não apenas amplia nosso entendimento sobre a sexualidade, mas também nos convida a refletir: como a repressão de desejos e impulsos naturais pode impactar a formação da identidade e das relações interpessoais? Ao reconhecer a sexualidade como uma parte integral d...