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Mostrando postagens de outubro, 2025

O brilho sedutor do palácio de incertezas - Poetizando

Os ciúmes assomam como sombras indesejadas, com suas garras delicadas e cortantes, ensaiando um balé que nos envolve em sua dança disfarçada. Ah, o amor livre, essa utopia que se pinta em cores vibrantes, e, ao mesmo tempo, carrega dentro de si os ecos do desamparo. A liberdade veste-se de um brilho sedutor, mas o coração... esse palácio de incertezas... ressoa com o temor de perder aquilo que se ama em uma tempestade de inseguranças. Em cada olhar que se desvia, um vulcão interno desperta. O ciúme é um velho conhecido, que nos sussurra em cada esquina: "será que te ama tanto assim?" No âmago dessa liberdade que buscamos, as sombras insistem em se manter abertas, como janelas que não conseguem se fechar, permitindo a entrada de ventos perturbadores. Há na liberdade a promessa de um amor sem correntes, e, ao mesmo tempo, a fragilidade de correntes invisíveis que se entrelaçam em nossos corações. E eis o dilema: como viver em um amor que se reinventa sem que as chamas do ciúme ...

Os planos que se escapam entre os dedos - Poetizando

Entre os dedos, os planos escorrem, fugazes como a luz que se esvai ao entardecer. Ah, em nossa mente, erguemos monumentos de intenções, cada passo cuidadosamente calculado, como quem desenha numa areia movediça. A vida que imaginamos é um palácio de cristal, resplandecente e gargalhante, mas o que dela se revela, no cotidiano complexo, é uma tapeçaria de sombras e luzes que nos desafiam a todo instante. E assim, nos dispomos a fazer planilhas, a delinear rotinas. Hábito enganador, o de crer que se detém o controle das nossas aspirações. Cada retângulo em branco, cada coluna meticulosamente preenchida, é um grito mudo para que a vida se encaixe nos moldes que criamos, uma aposta ensaiada que, no entanto, acaba sendo movida por uma música que não é bem a que pedimos para escutar. Escolher? Ah, é uma arte solene, mas, como a vida, é também um fardo. É preciso ter ombros, ombros robustos, para não só carregar o peso das decisões, mas também o que elas fazem de nós. As escolhas desenham em...

Os planos que se escapam entre os dedos.

Entre os dedos, os planos escorrem, fugazes como a luz que se esvai ao entardecer. Ah, em nossa mente, erguemos monumentos de intenções, cada passo cuidadosamente calculado, como quem desenha numa areia movediça. A vida que imaginamos é um palácio de cristal, resplandecente e gargalhante, mas o que dela se revela, no cotidiano complexo, é uma tapeçaria de sombras e luzes que nos desafiam a todo instante. E assim, nos dispomos a fazer planilhas, a delinear rotinas. Hábito enganador, o de crer que se detém o controle das nossas aspirações. Cada retângulo em branco, cada coluna meticulosamente preenchida, é um grito mudo para que a vida se encaixe nos moldes que criamos, uma aposta ensaiada que, no entanto, acaba sendo movida por uma música que não é bem a que pedimos para escutar. Escolher? Ah, é uma arte solene, mas, como a vida, é também um fardo. É preciso ter ombros, ombros robustos, para não só carregar o peso das decisões, mas também o que elas fazem de nós. As escolhas desenham em...

A Posição Discursiva em Lacan

Para Jacques Lacan, o conceito de *discurso* é fundamental na compreensão da subjetividade e dos processos psíquicos. O discurso, em sua visão, não se limita à mera comunicação verbal, mas abrange as formas pelas quais os sujeitos se posicionam em relação a si mesmos e aos outros. O discurso é uma estrutura que contém não apenas significantes, mas também a relação simbólica e a dinâmica de poder que se estabelece entre os interlocutores. Para Lacan, o discurso é formado por uma série de articulações que revelam tanto a posição subjetiva quanto a forma como o sujeito se inscreve na rede social e cultural. Lacan argumenta que o discurso é estrutural e, portanto, pode ser descomposto em diferentes modos de ser. Em seu trabalho, ele identifica quatro tipos principais de discurso: o discurso do mestre, o discurso da histérica, o discurso da universidade e o discurso do amor. Cada um destes discursos permite entender como o sujeito se relaciona com o desejo, com o outro e com a verdade. 1. D...

A exponente síndrome do protagonismo paranoico

A clínica psicanalítica contemporânea nos oferece uma rica compreensão do que podemos chamar de "protagonismo", especialmente quando essa atitude se manifesta de maneira patológica nas interações sociais. Quando falamos sobre protagonismo, não estamos apenas nos referindo à ideia de ser o centro de uma narrativa pessoal. Esse conceito se desenrola em uma dinâmica mais ampla, especialmente em ambientes de trabalho e estudo, onde a convivência com as diferenças é fundamental. Nesse contexto, podemos ver surgir o que chamamos de "síndrome do protagonismo", que se torna particularmente problemática quando se transforma em um comportamento caracterizado como “protagonismo paranoico”. Indivíduos que apresentam essa síndrome frequentemente têm a necessidade compulsiva de se colocar como protagonistas de suas histórias. Eles não se contentam apenas em ser reconhecidos por suas experiências; eles sentem que precisam ser vistos como exemplos a serem seguidos. Frases como “Eu ...

Os desafios do manejo clínico na estrutura neurótica obsessiva: entre o divã e os paradoxos do desejo

A clínica psicanalítica nos confronta, inevitavelmente, com as complexidades inerentes à estrutura neurótica obsessiva, essa configuração subjetiva que, como ensina a tradição lacaniana, não se constitui meramente como um conjunto de rituais compulsivos ou comportamentos repetitivos, mas como uma organização específica do desejo que busca controlar o incontrolável através de uma relação particular com o saber e com o tempo. Quando nos debruçamos sobre os possíveis manejos clínicos necessários ao trabalho com pessoas que apresentam essa estruturação, deparamo-nos com um território que exige, do analista sobretudo, um preparo de sofisticação técnica onde o desejo se manifesta precisamente através de sua própria evitação sistemática. É preciso compreender que, na obsessão, o sujeito geralmente busca ocupar uma posição singular diante da castração, não a denega como na perversão, nem a interroga dramaticamente como na histeria, mas a controla através de rituais e formações reat...

Os desafios do manejo clínico na estrutura neurótica histerica: entre o divã e os paradoxos do desejo

A clínica psicanalítica nos confronta, inevitavelmente, com as complexidades inerentes à estrutura neurótica histeria, essa configuração subjetiva que, como ensina a tradição lacaniana, não se constitui meramente como uma teatralidade excessiva ou uma busca desenfreada por atenção, mas como uma organização específica do desejo que interroga incessantemente o Outro sobre a natureza mesma do desejo e do amor. Quando nos debruçamos sobre os possíveis manejos clínicos necessários ao trabalho com pessoas que apresentam essa estruturação, deparamo-nos com um território que exige, do analista sobretudo, um preparo de sofisticação técnica onde o desejo se manifesta precisamente através de sua própria encenação e dramatização constante. É preciso compreender que, na histeria, o sujeito geralmente busca ocupar uma posição singular diante da castração, fazendo dela não um limite a ser aceito, mas uma pergunta a ser constantemente reiterada através de identificações múltiplas e contrad...

Os desafios do manejo clínico na estrutura perversa: entre o divã e os paradoxos do desejo

A clínica psicanalítica nos confronta, inevitavelmente, com as complexidades inerentes à estrutura perversa, essa configuração subjetiva que, como ensina a tradição lacaniana, não se constitui meramente como um desvio comportamental, mas como uma organização específica do desejo frente ao Outro.  Quando nos debruçamos sobre os possíveis manejos clínicos necessários ao trabalho com pessoas que apresentam essa estruturação, deparamo-nos com um território que exige, do analista sobretudo, um preparo de sofisticação técnica que vai muito além das convenções tradicionais do setting analítico. É preciso compreender que, na perversão, o sujeito geralmente busca ocupa uma posição singular diante da castração, não a recalca como na neurose, nem a foraclui como na psicose, mas a denega, construindo um cenário fantasmático onde a saída é se colocar como instrumento de gozo do Outro. O primeiro manejo fundamental reside na necessidade de não "cair na armadilha" da demanda per...

Contraste como fundamento da felicidade na sociedade do espetáculo

Em "O Mal-Estar na Civilização" (1930), Sigmund Freud postula que a busca pela felicidade constitui um desejo humano universal e constante, caracterizando a existência humana como um estado permanente de tensão entre o princípio do prazer e o princípio da realidade. O psicanalista vienense argumenta que o ser humano experimenta essa tensão através de manifestações psíquicas como ansiedade, medo, angústia e insatisfação crônica. Como afirma Freud (1930/2010, p. 30), "o que chamamos de felicidade, no sentido mais estrito, provém da satisfação repentina de necessidades altamente represadas, e por sua natureza é possível apenas como fenômeno episódico". No cerne dessa reflexão, Freud identifica o contraste como elemento fundamental na produção da experiência de prazer e, consequentemente, na possibilidade de felicidade humana. Esta análise torna-se particularmente relevante quando confrontada com o cenário contemporâneo, marcado pela artificialidade das relações sociais...