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Bela reflexiva

A Bela olhou no espelho enquanto penteava seus longos cabelos negros. Pelo reflexo de sua imagem pois a refletir:
- Quem sou e por onde irei...
Aquele ato rotineiro matinal foi interrompido quando o reflexo começou a responder com mais indagações. 
- És o que sua história lapidou ou se esconde no que conquistou?
Uma perfeita maiêutica batalhou a sua mente. Levantava resposta mas a reflexão a lançava para coisas mais profundas. 
- Se não fui eu a autora de minha história significa que sou frustada o bastante para não ser feliz? - Se perguntou apavorada e rapidamente foi respondia.:
- Não - disse o reflexo completando com um silêncio. 
- Esta tudo errado... - Murmurou Bela.
- Pensa mesmo que poderia ser tu a melhor autora de um enredo? Não percebes que tua fantástica história foi construída por pessoas, fatos e acidentes que hoje faz de ti a Bela que és? Acredita que os grandes da história da humanidade realizaram suas missões simplesmente pautados em suas escolhas? A vida não escolhe por ti? Não seria egoismo de sua parte querer negar a interferência precisa de seu pai e a ausência de sua mãe? Acredita que presença e ausência podem construir alguém? Alegrias e dores... Amor e desamores.... Atenção e abandono... Tudo pode ser conveniente quando se sabe administrar os contrários da vida? 
Bela em sua tempestade mental foi pontuando sua historicidade. Percebeu que de fato era uma coadjuvantemente em sua história e que isso não a fazia menos no palco da vida.  Quando assumia que mesmo sento resultado de contrários encontrava mais perguntas para a suas respostas e se lançava a navegar na delicia de ser Bela. Recordou-se de quantas vezes disse não querendo o sim. Casou-se quando o seu maior desejo era ficar sozinha. Esperou quando o que mais gritava em si era a urgência de decisões... 
- Devo arrepender de não ter tomado as rédias da vida em minhas mãos? - Disse ela.
- O arrependimento é pobre de mais para quem tem o hoje, minha cara Bela. O arrependimento não diz muito, se reconciliar com o que passou é mais louvável do que remoer a sua dor.
Entre afirmações e indagações o reflexo foi conduzindo a reflexão de Bela.  A moça olhava para o reflexo e para o refletido, confrontava a realidade com o transmitido, concluía e ao mesmo tempo desconstruía idéias, pré-juízos e buscas. Reafirmando que a vida não é um calculo matemático, sou seja, não é exata e não existe resposta correta Bela foi transpassando o seu ego e na compreensão de si também passou a pensar nos outros. E pensando na diferença que existe entre o mundo visto por Bela e o mundo visto pelos outros o reflexo se encontrou com o refletido e Bela pode então perceber que na vida é preciso respeitar a subjetividade de cada um em ler e reler a existência. 
Bela sofreu por muito a dor de ver os seus defeitos serem pontuados um a um pelo espelho. Nessa dor em aceitar suas limitações com suavidade e responsabilidade foi lapidando sua personalidade, amadurecendo para ser o que o reflexo exigia: "um humano melhor..."
- Bela, se tornar um humano melhor é um desafio. Desafia-se e não arrependerá de gastar dessa vida a felicidade conquistada. Qual a lição que tem aprendido? 
Fechando os olhos e olhando só pra si Bela remeteu-se a sua historicidade, pensada, analisada, refletida e incomodada... Saboreou o amargo gosto do que julgava derrotas sem se colocar como vitima. Respirou inseguranças e o frio dos riscos, convicta de sua existência complexa afirmou: 
- Minha felicidade esta conciliada, mesmo não resolvida. Minha dor esta em perceber que o meu maior desejo não faz parte dos meus planos, e talvez nunca fará. Porém, apesar e partindo disso eu creio que posso ser feliz.

Anápolis, 28/06/011 Ítalo Alessandro

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