Grito

Ontem eu conversei com uma colega que me relatou a experiência que teve na creche ao banhar uma menina de apenas três anos. Ela encontrou marcas brutais na vagina daquela indefesa menininha.   Eu não sei o nome desse anjinho, não sei por onde anda e qual a continuidade dessa história... Mas apeguei-me ao silêncio da sua fraqueza e por ela eu gritei... Outro caso provocativo foi relatado por uma psicóloga de uma pessoinha de sete anos que a partir dos seus 3 anos foi condicionada a participar da relação sexual nos seus pais. O senhor seu pai muito francamente disse que a profissional não tinha o direito de intervir na particularidade de sua família... (os dois casos foram acionados as autoridade competentes.) E por essas e por inúmeras histórias que hoje eu grito:

Grito

Hoje sou uma criança...
Pequenez e fragilidade fazem parte da minha natureza.

Indefesa.
Não tenho argumentos diante da sua brutalidade.

Não tenho forças, racional e nem física
Para colocar-te no seu devido lugar e fazer justiça com minhas mãos.

Nada sei da vida. Sou criança indefesa... 

E você? Quem tu és?
Um homem machucado que quer me machucar-me.
Um monstro que usa da sua força para covardemente me usar.

Quer usar da minha inocência indefesa.
Quer usar do meu frágil corpo para satisfazer os impulsos do seu corpo mal resolvido.

Hoje sou a fraqueza.
Mas tenho a potência de fortaleza.

Olha para mim Brutos e enxergue o que posso vim a ser...

Não quero a sangria de suas marcas salientes.
Quero doce... Quero brincar. Quero ser criança... somente criança.

Se quiser marcar minha existência: dei-me carinho verdadeiro.

Eu quero e preciso de marcas sadias.
Sabia que o que faz pode marcar-me profundamente por toda a minha história?

Quero uma história bonita.

Deixe-me ser criança... Deixe-me vier minha infância.

Se não pode ser bom pra mim: Deixe-me em paz.

Quero a pureza da infância... espero as descobertas da adolescência, o vigor da juventude a maturidade como pessoa.
Eu quero ser pessoa e não fragmentos de traumas.

Não quero seu peso. Quero sua leveza.
Quero descobrir meu corpo, encontrar a minha identidade sexual sem estigmas condicionados ao seu lixo existencial.

Preciso de educação...
Preciso de relacionamentos sadios...
Preciso e quero:
Boas referencias
Valores... flores... canções...

Mais uma vez eu suplico: permita-me construir a minha história.

Respeite meu corpo.
Ele é sagrado... é santuário da minha alma.

A alma é invisivelmente grandiosa e você não detê-la com a sua grosseira nojenta.
Eu posso ser muito mais do que você imagina.

Sou terra fecunda. Aqui semeado será colhido.
Plante em mim a beleza da bondade... a transcendência do bem...

Senhor Criminoso... covarde... sujo... feio... amargo... Não te quero.
Meus órgãos sexuais não são seus brinquedos.

Homem! Quero brincar de viver... afaste-se.

(Dedico essas palavras sobretudo a uma criança que não pode gritar e também a todas aquelas que um foram violentadas sexual e emocionalmente e hoje buscam resignificar tudo isso.)

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