Por que defendo estudantes em conselho de classe...
Por
que defendo estudantes em conselho de classe...
Por Prof. Italo A. Lemes Silva
Realmente considere que me coloco
a escrever como quem cansou da hipocrisia de alguns colegas educadores que
destorcem a função que exercem estabelecendo uma atitude mesquinha e antiética na
relação professor-aluno.
A postura de um professor dentro
da perspectiva da uma educação verdadeira deve ser de total imparcialidade com
o seu educando. Entenda bem, não é que ele não deva ter vinculo emocional com o
seu aluno, essa mentira eu carreguei por muito tempo e hoje vejo com clareza
que não só pode, mas para que haja um bom processo educacional o professor deve
estar disposto construir elos entre ele e aquele que espera dele as atribuições
de educador.
Quando eu defendo um aluno em um
debate de conselho de classe não estou apegando-me ao que acho do aluno (se é
legal, chato, “caladinho”, simpático e etc...), toda e qualquer análise deve
partir de uma opinião construída no âmbito profissional. Quem é o meu estudante? Qual a sua história? O
que fiz para incluí-lo no processo? Eu propus a conhecê-lo? Criei situações de
aprendizagem? Há evolução no histórico dele?
Devo aqui lembrar que os
conselhos escolares trazem em si uma responsabilidade muito grande, onde temos
o poder político colegiado de decidir os rumos da vida educacional daqueles que
nos são confiados. Quando propomos uma oportunidade nova de recuperação do
processo educativo, ou quando percebemos que um aluno não tem possibilidade de prosseguir
por falta de aproveitamento educacional, estamos não só tratando a vida escolar
dele, mas o seu futuro como um todo. São pessoas e não animais em adestramento.
Ou seja, em conselho de classe a
equipe pode chegar ao acordo se o aluno tem ou não possibilidade de ser
aprovado. E logicamente essa resposta não pode ter vistas preconceituosas,
muito pelo contrário, deve ser justa e dentro do regimento.
O fato mais problemático e crítico
é a questão de notas. Infelizmente ainda há muito apego com velha educação que
reduz a pessoa aos números. Com a realidade aprendemos que nossos educandos não
podem e não deveram ser vistos no quantitativo (números) e sim no qualitativo
(qualidades).
A nova educação caminha em
contramão com a realidade capitalista que ilustra o qualitativo em estatísticas.
Aqui temos grandes conflitos desde a forma de avaliar tradicional até a
avaliação por competências. Humanamente falando o homem, dentro do estudo, não se
desenvolve em todos os aspectos. Facilmente se nota pessoas com mais
habilidades em uma matéria do que em outra, isso é normal e precisa ser
assumido. Aqui coloco uma indagação solta: tudo que aprendemos na escola nós
utilizamos na nossa vida?
Recentemente um colega me disse
estar se sentindo frustrado com a sua profissão de professor, e por conhecê-lo,
diagnostiquei: Se eu ainda creio que a minha função seja transferir conteúdo eu
também vou me sentir frustrado. Porém se compreendo que minha função primeira e
trabalhar vidas até mesmo o transmitir de conteúdo se torna mais fácil e prazeroso.
Testemunhei inúmeras vezes professores
vibrando de alegria por ter alguns alunos que não atingiram a média, vi com
desgosto um colega de profissão articulando com a equipe para ferrar um aluno. Exatamente
esse foi o termo usado por ele: ferrar. No conselho, vendo ele colocar em ação
o seu plano de guerra, defendi o aluno. Não por ser o melhor aluno do mundo,
mas por não me dignar a aceitar uma podridão dessas acontecendo embaixo do meu
nariz.
Sem atribuir nome aos personagens
eu digo brevemente que esse professor estava usando do aspecto nota para vingar
o comportamento pessoal do estudante. Para tudo, disse eu, por que ele não
merece uma oportunidade de recuperação? Foi respondido que o aluno não o
respeitava como ele queria (submissão). Logo, mais um motivo para defesa, o
aluno tem personalidade autentica e sabe que ele não é mais um aluno da Idade Média
que estava sendo formado (colocado em uma forma) ele tem características que
precisamos considerá-las na construção de suas próprias habilidades e
competências.
Esse nosso aluno tem as suas características
revoltadas e indisciplinadas, próprias da adolescência e bem justificadas se
considerarmos justamente a sua historicidade. Meu colega se sentiu ofendido
quando eu dei a ele a minha receita: Você deve conquistá-lo e respeitá-lo para
ganhar a confiança dele e assim criar situação de aprendizado. Eu só queria
dizer que atribuir culpa ao aluno é simples, e queria ver reconhecer a suas falhas
como professor.
Não estou de acordo com a
certificação e diplomação em massa. Não vejo a escola como um comércio de
diplomas, muito menos aceito aprovação de todos pelo simples fato de frequentarem
uma sala, eu sei que muitas reflexões precisamos ter diante de cada um de
nossos estudantes.
Defendo meus queridos estudantes por
acreditar na educação. Por saber que sou professor e não programador de
máquinas. O conteúdo é um caminho que tenho para chegar ao meu fim. O objetivo
mesmo é fomentar pessoas críticas, autênticas que possam se reconhecer no
processo existencial para o desenvolver das suas próprias competências. Eu
defendo meus alunos por dar aula e não dar dogmas. Defendo por querer liberta-los
e não apertar ainda mais as amarilhas ideológicas dessa nossa cultura
alienante... Por isso... Por ter meus ideais com professor é que sou um “advogado
do diabo” diante de um colegiado de professores que buscam fazer um jogo e conflito
de interesses pessoais na nossa profissão bela de motivar vidas para experienciar
o conhecimento.
Aos meus colegas professore: por
favor, levem a sério um conselho de classe, justiça e profissionalismo acima de
tudo, lembrando que ser professor antes de ser uma profissão (forma de ganhar
dinheiro) é uma vocação (forma de viver.)
Olá professor!
ResponderExcluirperfeito seu texto, abraço
prof Claci