Os sofistas e a verdade na antiguidade grega


ü  Mestres da linguagem, retórica e da oratória;
ü  Relativistas e subjetivistas;
ü  Buscavam o convencimento sem um apego em formular uma verdade objetiva-universal como Sócrates e Platão;


Na antiguidade, no contexto de florescer democrático grego, apareceu um grupo de filósofos chamados de sofistas. O ideal de homem no período socrático é o homem orador, dado as configurações de política democrática e de relações comerciais o contexto pede um homem capaz de usar bem as palavras para ter a sua nobreza. Isso é o superar do idealizado pelo período anterior, chamado período pré-homérico, onde o ideal de homem era o da força física, ou seja, o homem guerreiro em uma sociedade aristocrática.  Os sofistas, enquanto mestres da retórica, vão ao encontro da formação argumentativa desse novo homem politizado e comerciante que encontra sentido para as coisas na efetiva atividade pública no bom uso da técnica da oratória. De modo geral há dois significados apresentados para o conceito dos sofistas. O primeiro refere-se ao significado da palavra que vem do grego sophós, quer dizer: sábios. O segundo é uma mutação de inversão da primeira que a crítica de Sócrates os apresentando como pseudos-sophós, isso é, falsos sábios. Os sofistas eram uma espécie de professores sábios viajantes que comercializavam a arte de ensinar; Ensinavam a retórica e qualquer coisa para que fossem contratados como prestação de serviço; Faziam defesas públicas de opiniões próprias ou relativas aos seus interesses; Inventores de palavras para expressão de ideias e argumentações; Elaboravam argumentações para a persuasão sem comprometimento com a veracidade dos fatos e/ou das coisas; Defendiam a verdade, a moral, a arte e o direitos dentro da subjetividade; Mestres da retórica e da oratória. Como os sofistas se diziam sábios em todas as ciências criavam uma identidade de arrogância e prepotência em suas defesas. Geravam debates provocativos tentando sobressair a própria interpretação sobre as coisas em ataque ao que fosse pensamento diferente. O debate dos sofistas, na sua maioria, foi marcado pelo confronto, próprio da cultura grega de guerras do período pré-homérico, homérico e arcaico. O estilo de debate em embates dos sofistas ficou conhecido como erística. Ou seja, a erística era a forma que os sofistas faziam os debates em conotação de embates públicos buscando no ato encontrar vencedores e derrotados para o diálogo por meio da habilidade retórica e não necessariamente a formulação de diálogo para encontrar a verdade sobre o assunto debatido.   A frase mais representativa dos sofistas é de Protágoras, que diz: “O homem é a medida de todas as coisas.” Tal máxima representa a subjetividade na compreensão da realidade. Cada pessoa, segundo ele, desenvolve a sua própria leitura das coisas e a validade e/ou invalidade epistemológica é relativamente variável por se tratar de uma sentença elaborada por cada sujeito. Para Górgias o ser não existe, se existisse não poderia ser conhecido e caso conhecido não poderia ser ensinado sobre ele. Ou seja, Górgias não acredita que há uma verdade e por isso é considerado um cético. Sendo, no período helenístico, a inspiração para um grupo de filósofos, os nomeados de Céticos, estes pensadores vão defender que a dúvida absoluta é o único caminho para uma felicidade plena. O que consideram verdadeiro ou falso, segundo Górgias, é apenas o convencimento sobre alguma coisa advindo da retórica. Logo, a verdade enquanto uma ilusão da oratória é fruto da narrativa argumentativa e não faz parte do sujeito e nem do objeto. O relativismo dos sofistas trata tanto afirmações e negações de ideias e/ou fatos como uma perspectiva subjetiva, ou seja, a verdade é uma construção do sujeito e não um fato fixo revelado pelo objeto. Se a verdade não é objetiva o que se tem de verdadeiro e de falso são interpretações, crenças, opiniões e defesas de conveniências. Os filósofos clássicos, sobretudo Sócrates e Platão, condenaram diretamente o relativismo dos sofistas dizendo que o verdadeiro filosofo busca a verdade por amor ao saber enquanto os sofistas, na visão deles, é um grupo de falsos filósofos, pois buscam a opinião conveniente. Essa problemática de leituras objetivas e subjetivas das coisas fizeram parte dos grandes debates filosóficos na História e ainda hoje é um tema bastante divergente. Mesmo que o conceito dos sofistas foi marcado como uma filosofia falsa hoje, na contemporaneidade, atribuímos papel significativo para este grupo de filósofos, principalmente no que deram de contribuição sobre o ensino-aprendizado pela retórica/oratória e a construção de uma compreensão filosófica sobre a elaboração da individualidade/pessoalidade a partir do conceito de subjetividades.  

- Texto por professor Ítalo Silva, jan. 2013.
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