A atuação do professor na transferência e na contratransferência
A psicanálise freudiana conota
bastantes contribuições para a educação, sobretudo quando falamos da relação
professor-aluno e o que isto implica em melhorias ou pioras no processo de ensino
e aprendizagem.
A neurose de transferência é
considerada como uma neurose que marca todo e qualquer indivíduo pois ela se trada
de como eu vejo e de como eu valido e/ou invalido o que recebo do outro. Assim,
espera que para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem o aprendente estabeleça
uma neurose transferencial positiva com quem o ensina e o contrário é sintoma
de preocupação e merece tratativas de cunho psicopedagógico. O professor necessita
elaborar relações de confiança e de admiração para que o relacionamento entre
os agentes de aprendizagem seja dirigido para o atendimento das expectativas formativas.
O relacionamento que o indivíduo estabelece
ao longo da vida é, segundo Freud, uma repetição de outras relações que o marcaram
como padrão a serem seguidos no funcionamento neurótico. Antes de qualquer coisa, para relações saudáveis, é necessário reconhecer qual é o nível de espelho distorcido que o outro se apresenta para mim e que eu me apresento para ele. É fundamental que o
professor tenha a maturidade para interpretar que, se positivo ou se negativo, aquilo
que ele recebe do aprendente tem pouco ou nada haver com ele pois se trata de
aspectos transferenciais do que é singular no indivíduo e da linguagem formativa
da estrutura psíquica daquele que procura afetar. Espera ainda que o profissional
de educação, antes de validar os afetos tenha a maturidade de se esquivar das transferências
reconhecendo que aquele comportamento não de responsabilidade direta dele. Sabendo
disto a psicanálise nos leva ao
entendimento que o professor de primeira infância pode marca significativamente
com um tipo de transferência ou de contratransferência e isso afetar a pessoa ao
longo da vida. Afirmação ou repulsa ao professor diz muito sobre o aprendente e
deverá ser não apenas sintomas para conhecer o aprendente, mas sobretudo
contribuir com os planos de ação que elabore o processo de ensino e aprendizagem.
A relação verticalizada faz-nos
saber que o que há de transferências depositária de antigos afetos requer
preparo profissional de reconhecer que aluno enxerga na figura do mestre a
representação de experiências com outros mestres (como familiares) que a
criança estabeleceu anteriormente. Como a relação cultural marca as figuras
piramidais como responsáveis pela castração os profissionais de educação
constantemente estão simbolizados no imaginário da criança ou do adolescente de
forma contratransferencial. Ou seja, tanto afetos positivos como afetos
negativos que o professor recebe podem se tratar de um transferências de laços
que o aluno teve em outros momentos.
Cabe ao professor (onde esperamos
sempre ser a parte mais madura nesse relacionamento) gerenciar tal questão para
ressignificar os laços, caso necessário bem como uma análise pessoal que o
amadureça para saber que como ele simboliza os seus alunos poderá também ser um
espelho.
A longo da minha carreira de professor
eu procuro sempre estabelecer o diagnóstico da turma e boa parte das vezes
demandou da minha responsabilidade ética provocar momentos de desarmamentos dos
gatilhos psíquicos que bloqueiam ou neutralizam a ação pedagógica. Sei também, que assim como qualquer relação,
os laços entre alunos e professores necessitam de constante conquista e reedições
já que fazemos arte de uma geração que declinou com a autoridade verticalizada e
valoriza muito mais o olhar horizontalizado.
- Professor Ítalo Silva, em jun. de 2020
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