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Educação, Sociedade e Transformação: Práxis e Contradições Contemporâneas - breve ensaio acadêmico

A educação emerge como campo de produção e reprodução das relações sociais, inscrita nos processos históricos de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Nesse movimento dialético, as práticas educacionais expressam as contradições estruturais dos modos de produção contemporâneos. 

Inicialmente, compreender a educação exige superar visões fragmentadas. Com efeito, as instituições educacionais não constituem sistemas neutros, mas espaços de disputa hegemônica, onde se confrontam projetos societários antagônicos. Nessa perspectiva, Freire (1996) ressignifica a compreensão pedagógica, evidenciando que a educação configura-se como ato político, no qual os sujeitos não são receptáculos passivos, mas construtores ativos de conhecimento.

Ademais, as transformações contemporâneas impõem nova análise. Destarte, as tecnologias digitais representam mais que instrumentos técnicos: constituem-se como expressão das relações sociais de produção em sua dimensão contemporânea. Nesse sentido, Castells (1999) identifica nas redes digitais a emergência de novas formas de sociabilidade, nas quais conhecimento e informação se tornam forças produtivas diretas.

Precisamos pensar e problematizar os eixos estruturantes:

  • Superação de hierarquias tradicionais;
  • Ressignificação dos processos formativos;
  • Confronto com modelos educacionais reprodutivistas.
Outrossim, a dimensão da inclusão educacional adquire centralidade analítica. Portanto, não se reduz a políticas compensatórias, mas representa campo de disputa por direitos e reconhecimento. Nessa linha, Santos (2010) problematiza as epistemologias dominantes, propondo a visibilização de conhecimentos historicamente subalternizados.


Consequentemente, as práticas pedagógicas configuram-se como mediadoras entre:

  • Condições objetivas de existência
  • Possibilidades de consciência histórica
  • Potenciais de transformação social

Saviani (2007) corrobora essa perspectiva, enfatizando a dimensão ontológica da educação como trabalho não material que produz consciência e humanidade. 

Por fim, a educação constitui-se como práxis social contraditória: simultaneamente reproduz as relações sociais vigentes e contém potenciais de superação. Sua compreensão demanda análise processual, identificando movimentos, tensões e possibilidades de transformação.



Referências:

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica. Campinas: Autores Associados, 2007.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A Filosofia à Venda. Revista Crítica de Ciências Sociais, 2010.

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