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Mostrando postagens de junho, 2025

O Inconsciente e suas marcas: da repetição à reinvenção narrativa

As marcas primordiais inscritas no inconsciente constituem um dos temas mais instigantes da psicanálise desde sua concepção freudiana. Este ensaio propõe uma reflexão sobre como as inscrições primárias no aparelho psíquico determinam padrões de repetição que, paradoxalmente, podem servir não como prisões existenciais, mas como plataformas para novas possibilidades de ser. Conforme afirmou Freud (1920/2010, p. 179), "o que permanece incompreendido retorna; como uma alma penada, não descansa até encontrar resolução e libertação". A compulsão à repetição, longe de ser apenas um mecanismo patológico, revela-se como condição inerente ao psiquismo humano, convidando-nos a repensar o próprio objetivo da psicanálise não como cura definitiva, mas como transformação possível da relação do sujeito com suas determinações inconscientes. As Inscrições Primordiais no Aparelho Psíquico Freudiano Para Freud, o aparelho psíquico conserva marcas permanentes das primeiras experiências, especialm...

A Serpente Engolida: o desafio nietzschiano da (trans)formação

A metáfora da serpente em "Assim Falava Zaratustra" não é mero adorno literário, mas uma provocação visceral que desafia nossos mais profundos pressupostos. Encontramos esta imagem perturbadora na seção "Da Visão e do Enigma", onde Nietzsche nos apresenta: > "Vi um jovem pastor contorcendo-se, sufocando, estremecendo, com o rosto desfigurado, de cuja boca pendia uma pesada serpente negra." Não é chocante como esta imagem nos captura imediatamente pelo horror? A serpente — negra, pesada, invasiva — penetra no corpo enquanto o pastor dormia, simbolizando nossa vulnerabilidade fundamental: > "Porventura, havia eu visto jamais tanto asco e pálido horror num semblante? Ele devia estar dormindo quando a serpente lhe entrou na garganta — onde se agarrou mordendo." Observem como Zaratustra tenta, em vão, resolver o problema pela via convencional: > "Minha mão puxou a serpente, puxou e tornou a puxar: — em vão! Não consegui arrancá-la da gar...